R. - O PEQUENO PRÍNCIPE
Pensei muito sobre qual seria o primeiro post deste blog. No final, cheguei a conclusão de que o melhor modo de começar é o mais simples. Sempre gostei de escrever resenhas - e é por isso que começarei por elas (aliás, sempre que o post for resenha isso estará indicado com um R. em seu título). Dito isso, o livro em questão é um clássico de gerações: o Pequeno Príncipe.
Na primeira vez que eu o li (devia ter no máximo uns 12 anos), eu não gostei. Não conseguia entender qual era o apelo daquela história de um menino que vive em um asteroide, que é apaixonado por uma flor e amigo de uma raposa. Obviamente, como todos os livros da época voltados para o público infantil, há lições de moral - que não me tocaram muito na minha primeira leitura. Agora, com a quarentena (estamos no quarto mês!), eu tive a oportunidade de reler, pensando se ocorreria aquele fenômeno em que você compreende o livro de uma forma nova ou apenas mais profunda, o que aconteceu.
Minhas impressões já começaram a mudar na dedicatória:
Dedicatórias não costumam chamar muita atenção, tal como os agradecimentos e todas as partes anteriores ou posteriores à história. Mas essa, particularmente, é uma das mais bonitas - lembrando que todos fomos crianças algum dia e demonstrando como livros são consolos em tempos difíceis. E eram tempos difíceis - Léon, o melhor amigo, vivia na França, durante a Segunda Guerra Mundial, sendo escritor e judeu.
O livro é curto, com ilustrações do próprio autor, que dão um tom intimista para a obra - que demorou mais ou menos um ano para ser escrita e ilustrada. Se você nunca leu, eis uma breve sinopse:
Um avião cai no deserto e seu piloto, surpreso, encontra um menino, um extraterrestre, em via de regra, e ambos conversam sobre a vida, o universo e tudo o mais.
Nessa releitura, consegui finalmente apreciar as lições de vida que o autor aborda - principalmente porque são lições sobre a vida adulta, como não ser levado a sério se não estiver vestido de acordo ou o uso de números para validar informações, porque os adultos gostam de números. Assim como a parte do chapéu, que eu já gostava antes e que passei a gostar cada vez mais, afinal, olhar e ver são duas coisas diferentes.
As passagens do livro são bastantes conhecidas do público (ainda mais porque preponderam em posts motivacionais do facebook e instagram), mas ainda sim quis selecionar algumas, as não tão famosas e conhecidas (como "o essencial é invisível para os olhos" e "somos sempre responsáveis pelo o que cativamos"). Eis minha seleção:
Um dia, vi o sol se pôr quarenta e quatro vezes! |
Levara a sério palavras irrelevantes, o que o deixará imensamente triste. |
Tenho que aturar duas ou três lagartas se quiser conhecer as borboletas. Parece que são muito lindas. |
Não sabia direito o que falar. Sentia-me um pateta. Não sabia como chegar até ele, onde encontrá-lo... O país das lágrimas é muito misterioso. |
É uma atividade muito bonita. E realmente útil, uma vez que é bonita. |
O Pequeno Príncipe é um grande referencial cultural, tendo inspirado filmes, peças, séries animadas, produtinhos em lojas geeks e até uma sequência chamada o Retorno do Jovem Príncipe, publicada em 2008. [Sobre a sequência, ela foi escrita por A. G. Roemmers, escritor argentino. Isso porque Saint-Exupéry morreu um ano após o lançamento do livro: seu avião (ele era piloto) foi derrubado por um piloto nazista em 1944.] Aliás, recomendo o filme de animação de Mark Osborne, lançado em 2015.
No geral, gostei. Foi uma leitura muito rápida (e imagino que seja na maioria dos casos, então, realmente não há grandes desculpas para não ler), mas profunda - uma combinação extremamente charmosa, se você me perguntar. Se você nunca leu, dê uma chance. E se você, assim como eu, não gostou de primeira, pense em dar outra - livros são como pessoas, alguns precisam de mais tempo para nos conquistar.
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