Uma das coisas que eu mais adoro fazer é criar listas (tenho várias anotadas desde cadernos até guardanapos). Esse post nada mais é que uma lista de recomendações - livros que eu adorei e que simplesmente preciso panfletar para as pessoas.
Ultimamente, estou em uma cruzada para ler mais livros clássicos (algo na linha não posso morrer sem ler isso) e, por isso, o tema de hoje é: livros clássicos & acessíveis. Por experiência própria, posso dizer que não sabia muito bem por onde começar - ainda mais sabendo que a leitura poderia levar um tempo para engatar, já que a escrita seria diferente da que eu estava acostumada. Preferi não listar os livros de vestibular, porque, bom, apesar de serem clássicos, eles também são obrigatórios - e a ideia aqui é você exercitar seu livre-arbítrio. (e já vou adiantar que inclui alguns livros mais voltados para o público infanto-juvenil, porque não gostamos muito da ideia de restringir horizontes por causa de uma faixa etária.)
Eis a minha lista com 12 títulos:
Alice no país das maravilhas, escrito por Lewis Carroll e publicado em 1865, é meu queridinho. Alice é uma das personagens mais conhecidas do público e sua influência pode ser notada em diversos nichos, inclusive no acadêmico (na minha faculdade, já houve uma palestra relacionando Kelsen - um figurão na área jurídica - com essa obra). Na história, Alice segue o coelho branco e acaba caindo no país das maravilhas - o lugar precursor do nonsense na literatura. A continuação, Alice através do espelho, também é bastante conhecida.
Pollyanna, escrito por Eleanor H. Porter, foi publicado em 1913. É uma leitura leve, com diversos trechos com tons mais moralizantes (assim como Anne e Mulherzinhas), mas que se encaixam bem na história. Aqui, acompanhamos Pollyanna, uma jovem garota que fica órfã e, por isso, passa a morar com sua tia, Miss Polly. O diferencial de Pollyanna é como ela enfrenta os desprazeres e dificuldades da vida - ela joga um jogo, o jogo do contente. A continuação é Pollyanna Moça.
A volta ao mundo em 80 dias, escrito por Júlio Verne e publicado em 1873, acompanha um cavalheiro inglês, Phileas Fogg, que segue uma rotina inalterável todos os dias e que acredita ser capaz de dar a volta ao mundo em 80 dias - não apenas acredita, como faz uma aposta de que será capaz de fazer isso. É um ótimo livro e é o primeiro clássico que eu me recordo de ler - mais importante, eu lembro de gostar e de me divertir lendo, o que com certeza foi benéfico para o meu relacionamento com os livros clássicos.
Mulherzinhas, escrito por Louisa May Alcott e publicado em 1868, se propõe a apresentar a família March, especialmente as quatro irmãs: Mary, Jo, Beth e Anne. A história se passa durante a guerra civil americana - ou seja, o pai das protagonistas está ausente, e querendo ou não, surgem novos desafios e responsabilidades para cada uma das irmãs. Cada uma é muito diferente entre si e se você tem irmãs ou irmãos sabe quantos conflitos surgem dessas diferenças - o que também acontece aqui. Importante dizer que a obra é um produto do seu tempo, então há um conteúdo moral marcante. É seguido por Boas Esposas, Homenzinhos e Os rapazes de Jo.
Os três mosqueteiros, escrito por Alexandre Dumas (pai) e publicado em 1844, propagou mundialmente o lema de seus personagens principais "um por todos e todos por um". Um dos livros mais célebres da literatura, imortalizou o trio de mosqueteiros Athos, Porthos e Aramis, além de, é claro, o jovem D'Artagnan, que sonha torna-se um mosqueteiro. Com tramas políticas e reviravoltas, o livro de Dumas é muito mais do que só duelos e aventuras e sem dúvidas nenhuma merece um lugar na sua estante. Dumas publicou ainda duas continuações, Vinte anos depois (mas publicado apenas um depois rsrs) e O Visconde de Bragelonne.
Cândido, ou o otimismo, escrito por Voltaire e publicado em 1759, é uma sátira sobre a condição humana, tendo influenciado diversos autores e, claro, adaptações. O conto - o que significa que é curto - descreve as aventuras e desilusões do jovem Cândido, alguém muito otimista e ingênuo e que se torna cada vez mais pessimista com o passar do tempo. No começo, Cândido vivia em um castelo - é fácil ser otimista nessas condições - até ser expulso, dando início a sua difícil jornada pela dura realidade (e se você ficar variando entre sentir pena dele e querer bater nele, é normal).
O sol é para todos, escrito por Harper Lee e publicado em 1960, foi agraciado por um prêmio Pulitzer (uma espécie de Oscar da literatura). Apesar de não ser muito conhecido por aqui, a obra é considerada uma das queridinhas nos Estados Unidos - e, devo dizer, com razão. O sol é para todos, ou muito melhor dizendo To kill a mockingbird (apesar de eu gostar de como soa o título em português, o título original é muito mais adequado para a história - como é possível notar em um trecho sobre o editorial do jornal The Maycomb Tribune), se passa em uma cidadezinha no sul dos Estados Unidos, Maycomb, nos anos 30, período da Grande Depressão. É nesse cenário que Scout, nossa narradora, tece acontecimentos e experiências, em especial sobre o caso em que seu pai, o advogado Atticus Finch, trabalhou defendendo um afro-americano de uma acusação de estupro. É um livro, simplesmente, lindo. Tecnicamente, possui uma continuação Vá, coloque um vigia, mas ela é bastante polêmica (ela não segue, por assim dizer, os rumos esperados) além de ter sido publicada muito tempo depois.
Anne de Green Gables, escrito por Lucy Maud Montgomery e publicado em 1908, se tornou novamente conhecido por causa da série da netflix, Anne with E. Porém, a história da ruivinha já inspirou diversas adaptações (e, aparentemente, nenhuma consegue se manter muito fiel à obra) e merece seu lugar na lista. Em suma, a série de livros (sim, é uma série, com 8 livros) segue a premissa de que Anne é uma alma extraordinária, com um jeito único de ver o mundo e que, por um acaso do destino, passa a morar em Green Gables. É seguido por Anne de Avonlea, Anne da Ilha, Anne de Windy Poplars, Anne e a Casa dos Sonhos, Anne de Ingleside, Vale do Arco-íris e Rilla de Ingleside. Anne também aparece em outros livros escritos pela autora, mas como uma personagem menor, em Crônicas de Avonlea, Outras crônicas de Avonlea e Os Blythe são citados.
Senhora, escrito por José de Alencar e publicado em 1875, único nacional da lista e figurando aqui e ali em listas de vestibulares (mas não de modo tão massivo como sua outra obra Iracema ou Dom Casmurro), foi um dos últimos romances do autor. Neste, Alencar compõe com maestria a história de Aurélia e Fernando, uma história de amor e com uma boa dose de vingança - Aurélia e Fernando são pobres, se apaixonam, mas Fernando não quer continuar pobre e pretende se casar com uma moça rica. Como não poderia deixar de ser, assim que Fernando decide isso, Aurélia recebe uma herança, se torna rica e decide fazer Fernando pagar. Sério, tem coisa melhor do que uma vingança?
Assassinato no expresso do oriente, escrito por Agatha Christie, a rainha do crime, foi publicado em 1934, sendo um dos seus livros mais conhecidos. Nesse romance policial, acompanhamos a figura do detetive particular Hercule Poirot, figura frequente nas obras da rainha, em sua viagem no trem Expresso do Oriente, em que um passageiro é assassinado durante à noite. Uma obra referência para os romances policiais de todo o mundo.
O conde de Monte Cristo, escrito por Alexandre Dumas (pai) e publicado entre 1844 e 1846, em formato de folhetim, provavelmente é o vencedor na categoria número de páginas dos livros listados, mas continua valendo a pena. A título de curiosidade, a trama da novela Do Outro Lado do Paraíso foi inspirada nessa obra - uma das mais conhecidas quando o assunto é vingança. Aqui, Dumas nos apresenta Edmond Dantès, um jovem marinheiro, cheio de sonhos e potencial, mas que é vítima de um complô - Dantès é o escolhido para pagar o pato - e, por isso, é condenado à prisão perpétua. Dantès fica um tempo chorando as pitangas, mas depois conhece o abade Faria, que o faz perceber o complô de que foi vítima. A partir daí, Dantès começa a planejar sua fuga e vingança. É simplesmente incrível.
Orgulho e Preconceito, escrito por Jane Austen e publicado pela primeira vez em 1813, apresenta um dos casais mais queridinhos da literatura. Inciando-se com uma frase que se tornaria memorável ("é uma verdade universalmente conhecida que um homem solteiro, possuidor de uma boa fortuna, deve estar necessitado de uma esposa"), o livro mais famoso de Jane Austen retrata a vida doméstica de uma família inglesa do século XIX, os Bennet, focando na segunda irmã mais velha, Elizabeth, e em um certo Sr. Darcy. Mesmo que você não curta romance histórico, ainda é interessante ler, no mínimo pela quantidade de referências em outras obras atuais.
Lembrando, é claro, que apesar desses clássicos serem mais acessíveis, a escrita costuma ser diferente da que estamos normalmente acostumados a ler. Sabendo isso e se propondo a isso, não tem porque ser um grande problema. Espero que essa lista tenha sido útil, ao menos para despertar interesse ou para matar o tempo.
Até a próxima
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